quinta-feira, 15 de maio de 2025

O trabalho esperançoso de ensinar

O ensino continua sendo um farol de esperança que traz oportunidades para superar as atuais condições de violência, desigualdade e desequilíbrio socioambiental. Foto La Jornada/Arquivo



Hoje, 15 de maio, o país homenageia uma comunidade profissional cujo trabalho é fundamental para construir as bases sobre as quais o desenvolvimento integral de toda sociedade se baseia. Dia após dia, os professores prenunciam as sociedades do futuro, não apenas por meio da transmissão de conhecimentos, mas também como pontes que conectam os alunos com a realidade de seus contextos, por meio de sua contribuição na formação de valores cívicos, bem como na consolidação de um ethos de convivência fraterna, pacífica e respeitosa, que se constrói na convivência em sala de aula e no testemunho de uma vida dedicada ao serviço ao próximo.

No contexto de uma realidade marcada pela incerteza, crise e fragilidade política e econômica, a docência permanece como um farol de esperança capaz de superar as atuais condições de violência, desigualdade e desequilíbrio socioambiental. O compromisso com a educação das novas gerações, num momento em que o ecossistema de construção e partilha de conhecimento passa por uma profunda reconfiguração, tornando o ensino talvez mais desafiante do que nunca, é um ato de profundo valor que as nossas sociedades são chamadas a reconhecer como um dos seus maiores ativos e como uma boa notícia.

Um bom educador geralmente não prega no abstrato; É a realidade imediata que geralmente é o melhor ponto de partida para a construção de conhecimento relevante, significativo e passível de ser apropriado pela pessoa que está sendo educada. Essa conexão com a realidade é o que pode fazer com que a educação seja uma grande facilitadora para o desenvolvimento de atitudes, habilidades e ferramentas que fortaleçam as capacidades das novas gerações para enfrentar os problemas que precisam enfrentar. É por isso que a educação é reconhecida como um direito básico, que por sua vez é um direito fundamental que pode permitir o gozo de muitos outros direitos sociais; É, portanto, uma condição de possibilidade para a concretização da igualdade, da justiça e da dignidade como realidade vivida.

Hoje, porém, a educação atravessa um momento difícil, pois a hegemonia da racionalidade de mercado tem procurado explorá-la como mera ferramenta técnica para satisfazer as necessidades do aparato de produção e circulação de mercadorias. Como resultado dessa concepção de educação, os educadores têm visto o reconhecimento moral e social que desfrutavam até recentemente como atores sociais importantes diminuir. Soma-se a isso a grande velocidade com que as ferramentas tecnológicas e digitais facilitaram o acesso à informação, o que desmonopolizou o compartilhamento e a autorização do conhecimento nos centros educacionais, mas também fragilizou as condições básicas para o rigor e a confiabilidade da circulação do conhecimento.

Diante dessa realidade, é cada vez mais comum ouvir que a tecnologia e a inteligência artificial substituirão gradativamente a profissão de professor. Essa afirmação só pode ser verdadeira devido a um mal-entendido sobre a profissão de ensino e à falta de consciência da integridade que caracteriza o ensino. A mídia digital e a inteligência artificial facilitam o acesso à informação e, na melhor das hipóteses, são uma ótima ferramenta para transmitir conhecimento, mas ensinar não é apenas um exercício intelectual mecânico.

Todo processo educativo necessita sempre de um intermediário e um acompanhante para que o conteúdo seja apreendido por meio do exemplo e de um contexto específico, possibilitando assim uma melhor compreensão da realidade e maior autonomia do aluno para navegar em seu ambiente como agente transformador. Assim, o professor faz a mediação entre o conhecimento abstrato e sua aplicação prática em determinado contexto, mas também é responsável por nutrir a germinação da semente do pensamento crítico nos alunos, que lhes permita questionar a veracidade, a pertinência e a validade das ideias transmitidas.

Sem o papel vital do professor, a educação se tornaria um instrumento alienante. O pensamento crítico e a aprendizagem significativa que emergem da experiência educacional são cruciais para o desenvolvimento de indivíduos capazes de enfrentar os desafios do seu ambiente e, portanto, tornarem-se portadores de esperança.

É verdade que hoje o ensino enfrenta desafios sem precedentes diante das tendências das novas gerações, imersas na imediatez alimentada pela digitalização da vida. Eles enfrentam crescentes carências socioemocionais devido à perda de horizontes de futuro e à diluição das certezas prometidas pelas ideias hegemônicas de desenvolvimento, além de um preocupante atraso acadêmico decorrente da pandemia. No entanto, ao contrário das tendências que sugerem a obsolescência da educação, é em tempos de incerteza que precisamos com mais urgência de uma educação que forme efetivamente cidadãos capazes de transformar o seu contexto.

De qualquer forma, o que a crise atual demonstra é a obsolescência de uma educação puramente bancária, que reproduz e deposita conhecimentos abstraídos do contexto. É por isso que hoje, por ocasião do Dia do Professor, é importante reconhecer o trabalho de tantos que dedicam suas vidas a semear esperança na sociedade por meio de uma educação comprometida e libertadora; uma educação que forme pessoas críticas e capazes de influenciar o seu ambiente; Uma educação que construa comunidades de aprendizagem e redes fraternas entre as novas gerações, e uma educação esperançosa que testemunhe a possibilidade de vivenciar justiça, igualdade, inclusão e paz em primeira mão e no plural.



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