sábado, 9 de dezembro de 2023

Vamos ressuscitar Maria.


Nonato Menezes 

Maria Morreu. De tão contrariada, ela morreu. Mas vamos ressuscitar Maria e fazer de conta que a campanha do nosso Sindicato foi equívoco, um lapso da razão.

Ainda não tinha visto a morte como objeto de uma peça publicitária. Nem tinha imaginado ser possível uma Agência de Publicidade se utilizar do nosso fim para vender algo, ou defender alguma ideia.

A Publicidade, em princípio, utiliza-se da força do discurso para convencer as pessoas a comprarem coisas, a se mobilizarem, a defenderem ideias.

Mas, utilizando a morte?

Propaganda é ilusão, é fantasia, pode ser ficção. Também, pode fazer lembrar um fato histórico.

Quando a publicidade recorre a alguém que já morreu, o faz para vender o exemplo ou para divulgar algo in memoriam. A morte, em si, é inapropriada como objeto publicitário.

Se o fato histórico é relembrado pela propaganda, faz-se como alerta, impingindo medo, chamando atenção para que se evite repetir o feito.

Como ficção, a propaganda se envereda mais pela Ciência, pela Literatura. É um meio de chamar a atenção para o possível, para o imaginável. Muitas vezes, até para o inimaginável.

A propaganda como fantasia pode ser interessante, mas pode ser um perigo, também.

Vender a nudez, por exemplo, numa sociedade que criminaliza o nu e a tornou pecado, não só é estratégia que proporciona alta rentabilidade, como é um instrumento que desperta desejos de romper o que é proibido.

Neste caso, a propaganda ajuda a despertar o sentimento de resistência, que é um dos mais nobres atributos humanos. Quem não tenta, pelo menos, resistir ao que é injusto, por exemplo?

A ilusão é o terreno mais apropriado para a propaganda. É este que os publicitários mais exploram.

Tentam me iludir a trocar o celular pela última versão: mais leve, de maior capacidade, de velocidade incomparável, de cores personalizadas.

Insistem, insistem para eu comprar um carro que custa mais de cem mil reais, sem saberem que sou professor da Rede Pública do DF. Mas insistem e insistem. Pura ilusão!

Nada disto, portanto, tem na peça publicitária do Sinpro.

Maria Morreu.

Esta é uma expressão muito seca, muito dura. Não carrega nada de fantasia, de ilusão, de ficção e não chama para uma mobilização política, afinal ela já morreu. E sem aposentadoria. Coitada!

Por isso, eis minha sugestão aos companheiros e companheiras da direção do Sinpro/DF.

Vamos ressuscitar Maria!

Ressurreição é momento de “ficar de pé novamente”, “se levantar”, de erguer-se. Oportuno para fazer a categoria renovar as esperanças, voltar a acreditar em seu Sindicato e, quem sabe um dia, recomeçar a fazer política condizente com suas necessidades, pelo menos.

Então, façam uma campanha de Ressurreição de Maria. Não deixem que ela caia no esquecimento, ou seja lembrada apenas por terem usado seu nome em vão.

Leia a “morte de Maria”, neste Link: Sim, morreu! E daí?

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