quarta-feira, 23 de abril de 2025

Brasil: um raio X da violência nas escolas


Em dez anos, casos de agressões interpessoais multiplicaram-se por quatro – e houve 47 mortes. Desvalorização dos professores, degradação física do ambiente escolar e complacência com discurso de ódio agravam cenário e produzem racismo e misoginia. Secretarias estão despreparadas

Por Christina Queiroz, na Pesquisa FAPESP

O Brasil enfrenta um novo cenário de violência em instituições de ensino, marcado por uma escalada nos casos de agressões na comunidade escolar, nos últimos 10 anos, e pelos ataques a instituições de ensino, que registraram um pico entre 2022 e 2023. A desvalorização da atividade docente no imaginário coletivo, a relativização de discursos de ódio e o despreparo de secretarias de educação para lidar com conflitos derivados de situações de racismo e misoginia são hipóteses que podem ajudar a explicar esse fenômeno complexo e multicausal, que provocou ao menos 47 vítimas fatais desde 2001.

sábado, 12 de abril de 2025

Autoritarismo e ataques às universidades

Trump faz comentários sobre tarifas na Casa Branca 02/04/2025 (Foto: REUTERS/Carlos Barria)

 "Observando o que acontece nos Estados Unidos podemos prever o que ocorreria no Brasil se a extrema-direita retornar ao poder", diz Robson Sávio Reis Souza

Robson Sávio Reis Souza

As instituições autônomas (como as universidades) são rivais de autocracias, teocracias e todos os modelos autoritários de poder político porque formam cidadãos críticos e produzem conhecimento livre, que são uma ameaça a regimes que dependem da obediência cega e da manipulação da verdade. Por isso, governos autoritários buscam subjugá-las ao controle político.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

O pensamento estético de Paulo Freire

Imagem: Escola Projeto 21

Educador via profunda dimensão artística no ato de ensinar. Nunca sistematizou estas ideias em livro. Mas uma revisão de seu trabalho mostra como enxergou a poética do povo e a criação contínua, no ensino, de formas da existência humana

Título original: Sobre a natureza artística da educação em Paulo Freire

O fotograma ao lado pertence a um registro gravado pela professora Joana Lopes em 1990. O título do vídeo é Conversando com Paulo Freire sobre arte e educação.1 O que vemos aqui é o momento em que Paulo Freire mostra alguns quadros que possuía em sua residência. Havia em Paulo Freire algum interesse em arte? Alguma relação com a sua concepção de educação?

sábado, 5 de abril de 2025

A falência da profissão de professor

(Foto: Agência Brasil)

Desvalorização salarial, condições precárias e falta de reconhecimento social afastam docentes das salas de aula

Valter Mattos da Costa*

As evidências são claras e incontornáveis: a profissão docente caminha, a passos largos, para a falência. Em 2018, o Brasil amargou a última posição no ranking global de status do professor, segundo levantamento da Varkey Foundation, publicado no portal G1.

Desde então, o cenário não só permanece crítico como se agravou, refletindo um projeto estrutural que desvaloriza quem ensina. Professores da educação básica seguem mal remunerados, expostos à violência e sem o mínimo de reconhecimento social ou condições materiais adequadas para exercer sua função. Por que, afinal, uma das profissões mais estratégicas para o futuro coletivo é tratada como descartável?

terça-feira, 1 de abril de 2025

EDUCAÇÃO NA EXTREMA DIREITA - Nacionalismo e educação patriótica

 

Crédito: Rawpixel/Creative Commons

A educação patriótica pode desenvolver nos alunos afetos de hostilidade em relação a outros países e culturas, aumentando o risco de conflitos entre eles. Pode provocar a limitação do pensamento crítico e da liberdade de expressão, incentivar a marginalização de grupos minoritários ou estrangeiros, acirrando as divisões sociais

Antônio Carlos Will Ludwig

A educação patriótica tem ganhado destaque em vários países ao redor do mundo, com diferentes abordagens e objetivos. Embora possa apresentar variações ela continua visando desenvolver o afeto patriótico, ou seja, o sentimento de amor, orgulho e devoção ao próprio país, associado a um apego emocional e cultural à pátria e acompanhado da valorização de suas tradições, história e conquistas. Comumente é expresso de forma simbólica através do culto à bandeira em seu hasteamento, ao canto do hino nacional e à participação em datas comemorativas. Esses rituais têm em vista criar um afeto de pertencimento e orgulho nacional, especialmente entre as novas gerações.

Desnacionalização do ensino superior privado

Imagem: Samuel Wölfl Por FERNANDO NOGUEIRA DA COSTA* aterraeredonda.com.br/ Quando a educação deixa de ser um direito para se tornar commodi...