Proposta de Guedes privilegia setor privado ao deixar de direcionar recursos às escolas – e obrigá-las à lógica da concorrência. Mais abastados poderão usar ticket para complementar mensalidade. Aos pobres, sobrará um ensino ainda mais deteriorado
por EPSJV/Fiocruz
Roberto Leher, em entrevista à Beatriz Mota EPSJV/Fiocruz
Enquanto o ministro da educação Abraham Weintraub tenta sobreviver a uma crise gerada pelas falhas de correção no Enem, vem de fora da pasta (e do país) o anúncio que pode impactar fortemente o futuro da educação no Brasil. No Fórum Econômico Mundial, em Davos, o ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que haverá um “gigantesco” programa de distribuição de vouchers para a educação infantil. A ideia é que os cupons – que funcionam como uma espécie de cheque – sejam entregues diretamente às famílias das crianças, para que elas possam escolher “livremente” onde aplicar esses recursos: em mensalidades de creches e escolas privadas ou públicas.