sexta-feira, 8 de julho de 2022

Como onda conservadora acossa a Educação brasileira

Arte: Alcione Ferreira/Cendhec

Desde 2015, projetos de militarização das escolas e ensino domiciliar avançam no país – e mais de 200 PLs miram a “ideologia de gênero”. Objetivo: usar o pânico coletivo para minar espaços que contribuam para formar um imaginário igualitário

Aprovação do homeschooling pela Câmara dos Deputados, o avanço da militarização em escolas municipais e estaduais e a retirada de itens que detalhavam as proibições de práticas preconceituosas do edital do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) estão entre os desdobramentos recentes das investidas do conservadorismo na educação brasileira. O que essas pautas carregam em comum, na visão de Romualdo Portela, professor na Universidade de São Paulo (USP), é a defesa da escola como um espaço que promove “uma visão de mundo menos plural”. Fernando Penna, professor na Universidade Federal Fluminense (UFF), acrescenta que se trata de uma reação aos avanços de um “imaginário igualitário”.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Implicações da reprovação escolar

O engodo pedagógico

Inocência, também é cultura. Cultura porque ela se origina e permanece nas pessoas e nas instituições. A inocência, quase sempre, se torna tão arraigada no imaginário individual e social que serve de escudo quando é para defender até o indefensável.

É inocente, por exemplo, quem defende que “o aluno é quem se reprova”, não ao contrário. Não é a Escola, com todos seus elementos constitutivos, que faz milhares de estudantes repetirem de ano. Diz a inocência que é o aluno que “escolhe” rever tudo de novo. É dele, então, a responsabilidade por não “ter aprendido o suficiente” e por não acompanhar seus colegas de turma na volta às aulas do ano seguinte em manifestação festiva.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Implicações da reprovação escolar

A vítima

O dito abaixo não é resultado de pesquisas e ou leituras aprofundadas nas áreas de Psicologia, de Psiquiatria ou quaisquer conhecimentos destas áreas. São ponderações tiradas da experiência de mais de vinte anos como docente e das observações feitas em sala de aula e em todo ambiente escolar.

Somada a essa tirada, cabe minha própria experiência como reprovado, que ocorreu nos idos da década de 70, por ocasião do serviço militar compulsório. O que me disse aquele momento foi que um ano retido na escola é absolutamente prejudicial à vida, ao crescimento intelectual e é, sobretudo, inútil. Inútil para o próprio estudante, para a família, para escola e para sociedade. O resultado que percebi e senti ao ter sido reprovado é que ela – a reprovação – do ponto de vista da utilidade, teve efeito negativo. Nada, porém, foi proveitoso, senão o fato de jamais ter esquecido aquele “evento” tão grotesco.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Implicações da reprovação escolar

Sequelas sociais

Nossa sociedade é profundamente desigual. Há poucos que ostentam riquezas indecentes e muitos que não conseguem sair do atoleiro da miséria.

Mas a nossa sociedade não é desigual apenas economicamente. Ela padece de disparidades crônicas diversas e aprendeu a se viciar em carências aparentemente incontornáveis.

Socialmente somos muito desiguais na propriedade dos bens, na renda necessária à subsistência, na qualificação para o trabalho, no domínio dos conhecimentos e na conquista das habilidades para produzir. Também somos desiguais na relação com o Estado, na medida em que a maioria é por ele totalmente desassistida.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Implicações da reprovação escolar

Danos econômicos

Mais de 80% dos estudantes no Ensino Básico brasileiro estão nas Escolas Públicas. Percentual que correspondeu a aproximadamente 38 milhões das matrículas no ano de 2020.

De 1999 até 2019, considerando esse número de matrículas apenas como referência, a taxa de reprovação foi mantida acima de 9% ao ano, o que corresponde, aproximadamente a 3.400.000 estudantes retidos.

A universidade operacional

Por MARILENA CHAUI* aterraeredonda.com.br/ A universidade operacional, em termos universitários, é a expressão mais alta do neoliberalismo 1...